Não sou uma mulher púdica, cresci no meio de mulheres por causa da profissão da minha mãe. Adorava em miúda, sentar-me muito discretamente num cadeirão, a fingir que lia uma revista, quando ainda nem tinha idade para ler, com o objectivo de escutar as conversas femininas.
Ao sábado de manhã acordava com as gargalhadas das mulheres, livres de preconceitos, dos olhares avaliadores dos homens e dos juízos de valor da sociedade, ficava horas encostada à porta, imóvel, para não perder pitada, uma vez que algumas senhoras se inibiam de usar alguns termos, que eu tanto apreciava se estivesse presente, outras a euforia era tanta que nem davam por mim.
Não sei se toda a gente tem essa percepção, mas as mulheres, a partir de uma certa idade, perdem todos os tabus no que se refere a sexo e rapidamente a tertúlia só foca assuntos sexuais.
A ideia de que antigamente ia tudo imaculado para o casório, perdeu-se quando tinha uns 10 anos de idade, quando ouvia as senhoras dizer que nos campos de milho é que era, que nem usavam cuecas, que era numa Sachs e ate numa baliza de futebol (!!) aos 12 descobri os devaneios de uma agricultora ninfomaníaca que me faz olhá-la com ar de gozo até hoje. Constava que a senhora quando ia para o campo, o marido tinha de lá ir visitá-la 2 a 3 vezes durante a manhã porque ela não aguentava tanta hora de jejum!!! E quando chegava lá era um ver se te avias com muita ou pouca privacidade.
Cresci e tornei-me mulher ao escutar que “aquilo é que é bom” seguido de umas risadas nervosas, do desempenho sexual de muitos maridos que pelo grau de intimidade só era comentado em privado, das avaliações do tamanho e grossura dos órgãos genitais masculinos e das mais variadas denominações como: pila, piroca, piça, pixota, pirilau, faz-me rir, pau e pénis, pois claro e aos amiguinhos era mais comum serem chamados de tomates, colhões, quilhões e por aí fora!
As histórias hilariantes do casa-descasa, do marido infiel, da beata que durante nove meses camuflou a gravidez e à ultima hora pediu um táxi para a levar às urgências e saiu de lá com uma filha nos braços, das amantes que serão sempre amantes, dos fetiches de alguns homens, da mulher que dizia que nada mais punha o marido em "ponto caramelo" do que passar os cabelos pela barriga dele (wow), fizeram sempre parte do meu crescimento.
Adorava quando à noite, no silêncio, a minha mãe repetia as histórias ao meu pai e, numa cumplicidade que só eles têm, riam-se do alheio e usavam uma espécie de private jokes sempre que o assunto vinha à baila para não molestar a minha inocência, violada há mais que muito pela minha curiosidade!
Confesso que não teve qualquer efeito nefasto na minha formação como pessoa, e que o facto dos meus pais relativizarem os assuntos e da minha mãe lidar tão bem com isso, como se estivesse a falar da coloração mais apropriada para o tipo de cabelo, não me fez uma rapariga ávida de prazeres carnais e desejosa de experimentar os campos lá da zona. Bem pelo contrário, fizeram desaparecer inúmeros preconceitos e ensinaram-me aceitar a maneira de viver de cada um, pois normalmente existe sempre uma razão que a justifique. Seja como for, ainda existem coisas que me fazem corar até às pontas dos cabelos.
Estava eu "enlatada" numa multidão, a assistir a uma romaria, arrastada por uma amiga com promessa a cumprir, quando ao passar a imagem da Santa, vejo uma senhora afoita a passar por entre a procissão e a entregar dentro de um saco uma camisa limpa ao marido que vinha transpirado devido à longa e árdua caminhada perante o sol abrasador, quando ouço uma mulher, toda emperiquitada, daquelas que estão bem é a fazer de jarro, porque quando abrem a boca é uma valha-nos Deus, a dizer assim: “Oh C., o teu home(m) é que vai amarelo, aposto que o chupaste todo ontem!” Isto não foi segredado, num tom de provocação, foi GRITADO para a senhora que ainda estava perdida no meio dos romeiros. Escusado será descrever a cara de espanto dos presentes e algumas bochechas rosadas de senhoras mais recatadas, pelo menos em público. Eu e a minha amiga, prendemos uma gargalhada e coramos, mas não tanto quanto a C., coitada.
Mais tarde, já de saída, encontro uma senhora, afamada pela linguagem vernácula, que a meio do discurso me surpreende, dizendo: “Sabe Leona, eu tenho um irmão polícia que tem a mania que gosta de tudo muito direitinho, não gosta que eu diga asneiras e eu quando o quero provocar, digo-lhe que a minha fantasia sexual é pinar com um polícia em cima de uma mota e que qualquer dia compro uma farda de policia para o meu marido e vamos dar uma foda na mota dele”!
( Eu juro, que isto é verdade, palavra!) Tirando a palavra “pinar” que retira todo o erotismo ou sensualidade do acto, por me fazer lembrar os tempos da escola primária em que os rapazes se viravam para as raparigas e perguntavam: “Já pinaste?”. Já estava pronta para relevar para segundo plano este episódio quando reparo que atrás de mim, estavam dois polícias fardados a rigor a orientar os peregrinos e o trânsito!!! Apesar de terem ouvido a conversa que me cheirou a provocação ou a desafio, os dois agentes, felizmente, foram discretos quando o meu olhar se cruzou com o deles e depois de uma despedida meio desastrada, eu e a minha amiga desatamos a rir até ao carro. E estávamos nós num lugar de culto. Imaginem num salão de cabeleireiro em hora de ponta!
Ao sábado de manhã acordava com as gargalhadas das mulheres, livres de preconceitos, dos olhares avaliadores dos homens e dos juízos de valor da sociedade, ficava horas encostada à porta, imóvel, para não perder pitada, uma vez que algumas senhoras se inibiam de usar alguns termos, que eu tanto apreciava se estivesse presente, outras a euforia era tanta que nem davam por mim.
Não sei se toda a gente tem essa percepção, mas as mulheres, a partir de uma certa idade, perdem todos os tabus no que se refere a sexo e rapidamente a tertúlia só foca assuntos sexuais.
A ideia de que antigamente ia tudo imaculado para o casório, perdeu-se quando tinha uns 10 anos de idade, quando ouvia as senhoras dizer que nos campos de milho é que era, que nem usavam cuecas, que era numa Sachs e ate numa baliza de futebol (!!) aos 12 descobri os devaneios de uma agricultora ninfomaníaca que me faz olhá-la com ar de gozo até hoje. Constava que a senhora quando ia para o campo, o marido tinha de lá ir visitá-la 2 a 3 vezes durante a manhã porque ela não aguentava tanta hora de jejum!!! E quando chegava lá era um ver se te avias com muita ou pouca privacidade.
Cresci e tornei-me mulher ao escutar que “aquilo é que é bom” seguido de umas risadas nervosas, do desempenho sexual de muitos maridos que pelo grau de intimidade só era comentado em privado, das avaliações do tamanho e grossura dos órgãos genitais masculinos e das mais variadas denominações como: pila, piroca, piça, pixota, pirilau, faz-me rir, pau e pénis, pois claro e aos amiguinhos era mais comum serem chamados de tomates, colhões, quilhões e por aí fora!
As histórias hilariantes do casa-descasa, do marido infiel, da beata que durante nove meses camuflou a gravidez e à ultima hora pediu um táxi para a levar às urgências e saiu de lá com uma filha nos braços, das amantes que serão sempre amantes, dos fetiches de alguns homens, da mulher que dizia que nada mais punha o marido em "ponto caramelo" do que passar os cabelos pela barriga dele (wow), fizeram sempre parte do meu crescimento.
Adorava quando à noite, no silêncio, a minha mãe repetia as histórias ao meu pai e, numa cumplicidade que só eles têm, riam-se do alheio e usavam uma espécie de private jokes sempre que o assunto vinha à baila para não molestar a minha inocência, violada há mais que muito pela minha curiosidade!
Confesso que não teve qualquer efeito nefasto na minha formação como pessoa, e que o facto dos meus pais relativizarem os assuntos e da minha mãe lidar tão bem com isso, como se estivesse a falar da coloração mais apropriada para o tipo de cabelo, não me fez uma rapariga ávida de prazeres carnais e desejosa de experimentar os campos lá da zona. Bem pelo contrário, fizeram desaparecer inúmeros preconceitos e ensinaram-me aceitar a maneira de viver de cada um, pois normalmente existe sempre uma razão que a justifique. Seja como for, ainda existem coisas que me fazem corar até às pontas dos cabelos.
Estava eu "enlatada" numa multidão, a assistir a uma romaria, arrastada por uma amiga com promessa a cumprir, quando ao passar a imagem da Santa, vejo uma senhora afoita a passar por entre a procissão e a entregar dentro de um saco uma camisa limpa ao marido que vinha transpirado devido à longa e árdua caminhada perante o sol abrasador, quando ouço uma mulher, toda emperiquitada, daquelas que estão bem é a fazer de jarro, porque quando abrem a boca é uma valha-nos Deus, a dizer assim: “Oh C., o teu home(m) é que vai amarelo, aposto que o chupaste todo ontem!” Isto não foi segredado, num tom de provocação, foi GRITADO para a senhora que ainda estava perdida no meio dos romeiros. Escusado será descrever a cara de espanto dos presentes e algumas bochechas rosadas de senhoras mais recatadas, pelo menos em público. Eu e a minha amiga, prendemos uma gargalhada e coramos, mas não tanto quanto a C., coitada.
Mais tarde, já de saída, encontro uma senhora, afamada pela linguagem vernácula, que a meio do discurso me surpreende, dizendo: “Sabe Leona, eu tenho um irmão polícia que tem a mania que gosta de tudo muito direitinho, não gosta que eu diga asneiras e eu quando o quero provocar, digo-lhe que a minha fantasia sexual é pinar com um polícia em cima de uma mota e que qualquer dia compro uma farda de policia para o meu marido e vamos dar uma foda na mota dele”!
( Eu juro, que isto é verdade, palavra!) Tirando a palavra “pinar” que retira todo o erotismo ou sensualidade do acto, por me fazer lembrar os tempos da escola primária em que os rapazes se viravam para as raparigas e perguntavam: “Já pinaste?”. Já estava pronta para relevar para segundo plano este episódio quando reparo que atrás de mim, estavam dois polícias fardados a rigor a orientar os peregrinos e o trânsito!!! Apesar de terem ouvido a conversa que me cheirou a provocação ou a desafio, os dois agentes, felizmente, foram discretos quando o meu olhar se cruzou com o deles e depois de uma despedida meio desastrada, eu e a minha amiga desatamos a rir até ao carro. E estávamos nós num lugar de culto. Imaginem num salão de cabeleireiro em hora de ponta!
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